A coluna vertebral constitui e mantém o
eixo longitudinal do corpo, servindo de pivô para suporte e mobilidade
da cabeça e oferece aos membros a base estrutural para articulação e
ação, através dos respectivos cíngulos.
Em vista lateral, a coluna vertebral,
apresenta uma série de curvas graduais cuja função é a dissipação das
forças longitudinais que atuam sobre esta. As curvaturas torácica e
sacral são ditas primárias (vindo da posição fetal) e as curvaturas
cervical e lombar ditas secundárias ou compensatórias. Apesar dos
herniamentos poderem acontecer tanto na cervical quanto na transição
toracolombar, a maior incidência é das hérnias lombares.
Entre as possíveis causas da hérnia de disco temos:
- Fatores genéticos;
- Postura incorreta;
- Atividades sedentárias;
- Acidente.
Os sintomas podem se apresentar como:
- Dores fortes ou dormência em uma das pernas;
- Descontrole do intestino e da bexiga;
- Paralisia das pernas.
MECANISMO DA HÉRNIA DE DISCO
Os discos intervertebrais são coxins
compressíveis fibrocartilaginosos, situados entre os corpos de
vértebras adjacentes, provendo a estes, união, alinhamento e certa
mobilidade em movimentos de gangorra. Absorvem a forças de tração
muscular, gravidade e carga que, de outro modo, tenderiam a esmagar uma
vértebra contra outra.
Há duas partes em cada disco: uma
periférica, o ÂNULO FIBROSO, constituído por anéis concêntricos
interligados, mais fibrosos do que cartilagíneos; e outra central, o
NÚCELO PULPOSO, aliás um pouco deslocado posteriormente. O núcleo é mais
cartilagíneo do que fibroso, de consistência de polpa, altamente
elástico e, por isto, atua como amortecedor dos choques de compressão a
que é sujeito. O núcleo pulposo é mantido em posição pelo ânulo fibroso e
pela pressão das vértebras.
Os movimentos de gangorra de uma
vértebra sobre outra provocam compressão de parte do ânulo fibroso e
borda do núcleo pulposo na direção do movimento, enquanto se expandem
suas partes opostas. Na hérnia traumática, movimentos bruscos de flexão
(especialmente associados à rotação) lesam o ânulo fibroso concorrendo
para migração posterior ou látero-posterior do núcleo pulposo,
salientando-se no canal vertebral e comprimindo raízes nervosas ou,
mesmo, a medula espinal.
TERAPÊUTICA E EXERCÍCIOS NA HÉRNIA DE DISCO
Cerca de 90% dos casos podem ser
solucionados sem cirurgia. Mais uma vez, a primeira necessidade após o
trauma é reduzir a dor para que o indivíduo comece o mais cedo possível o
treinamento conservador. A terapêutica, nesses casos, consiste em
repouso e no uso de medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios,
relaxantes musculares, ansiolíticos) e nos caso mais agudos,
intervenções cirúrgicas como microcirurgias, atrodeses ou atroplastias
(vide ilustração). Assim que o indivíduo sair da fase aguda este deverá
iniciar com exercícios fisioterápicos. Terminada a etapa da
fisioterapia, o indivíduo deverá ser encaminhado para a musculação para
continuar o trabalho de fortalecimento muscular local e global de sua
sustentação postural.
Obviamente, antes de se iniciar o
treinamento em musculação o indivíduo herniado, assim como qualquer
outro, deve ter passado pela avaliação funcional e nela detectados seus
desvios posturais e grau de encurtamentos dos diversos grupos
musculares. Assim e somente assim é possível para um professor de
Educação Física selecionar especificamente os exercícios que serão
utilizados.
Apesar da hérnia de disco ser o elo
comum, esta apresenta sutilezas de caso para caso, que o professor de
Educação Física deverá observar para que a melhor abordagem seja adotada
para cada indivíduo. Então, na sessão de musculação do herniado
teremos:
EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTOS
- Evitar movimentos de flexão, torção ou retificação da coluna. Usar
apenas a fase leve do estiramento resistente do método de alongamento
estático, de modo que o herniado possa se concentrar em manter uma boa
postura durante a execução dos alongamentos. Já que o realinhamento
postural passa por uma maior consciência corporal e os alongamentos são
fundamentais no desenvolvimento dessa também indo além de desenvolver a
flexibilidade específica desse ou daquele grupo muscular que se está
alongando.
Encurtamentos musculares significativos
de Isquiosurais e Glúteo Máximo colaboram para uma retroversão de
quadril (agente propensor à hérnia discal). Portanto, precisamos
enfatizar o alongamento destes, mas selecionando posturas que evitem a
flexão da coluna ou retroversão pélvica que acentuariam ou retornariam
com o quadro de dor.
EXERCÍCIOS DE MUSCULAÇÃO - A
seleção e evolução dos exercícios será extremamente pessoal, pois
dependerá de lastro prévio em relação ao treinamento da musculação,
extensão da lesão e/ou formas de terapias adotadas com o indivíduo após o
herniamento. O foco principal será o fortalecimento da musculatura
paravertebral em conjunto com os demais estabilizadores do segmento
afetado. Por exemplo, como as hérnias mais comuns são as dos discos
lombares, pode-se partir do mais simples exercício de sustentação
isométrica da coluna evoluindo até o mais complexo exercício de
levantamento terra esticado, embora dando atenção também a musculatura
de sustentação do Core!
Durante a execução de todo e qualquer
exercício deve-se evitar uma postura de retroversão da pelve, a qual
deverá ser mantida em posição NEUTRA o tempo todo. Essa tendência à
retroversão da pelve é facilmente observável nos exercícios de Leg
Press, Supino quando se colocam os pés sobre o banco, e uma enorme
variedade de exercícios na posição assentado. Cabe ao professor
“fiscalizar” atentamente a sustentação do bom alinhamento da Coluna
Vertebral durante a execução de todo e qualquer exercício, não apenas no
caso do herniado, pois erros de execução podem induzir indivíduos
saudáveis à uma hérnia também! Com o passar do tempo e a completa
ausência de sintomas por parte do indivíduo, pode-se começar a explorar
novos ângulos e sentidos de movimento de maneira a recuperar a
funcionalidade completa da Coluna Vertebral.
EXERCÍCIOS AERÓBIOS - Num
primeiro momento, a dor discogênica, pode provocar uma alta
intolerância para sentar, excluindo os exercícios em bicicleta
estacionária. Na caminhada, a boa postura deve ser observada de perto. A
evolução de tempo e intensidade vai de caso para caso de acordo com a
tolerância e ausência de dor.
A imagem abaixo complementa as informações apresentadas acima, clique sobre a imagem para ampliar.
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